eu estava bem, eu sentia-me bem, reconfortada com esse teu esquecimento quase imediato. eu tinha quase aceite a impossibilidade da remota hipótese do teu retorno, eu tinha-me habituado serenamente à voz rouca e engasgada da minha mãe quando desleixadamente ainda perguntava por ti. eu estava bem, eu estava tão bem, tão bem sem ti. sem te ter constantemente enfiado dos meus nunca-mais-serenos sonhos, nos meus nunca-mais-conscientes devaneios. até ao dia. até ao dia em que decidiste lembrar-me que te disse tantas vezes que iria amar-te sempre, com os meus lábios rasgando os teus no calor do meu desejo, lembraste-me assim a maneira bárbara como ousava dizer-to: "serei sempre eu a amar-te mais". e sou, ainda hoje o sou, amando-te sempre mais, ainda que agora pouco, comparando ao infinito de dias anteriores. boa noite dôdô.

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