saudades minhas

Era um dia quente de um verão gelado e o sol queimava-me a pele pela madrugada. A minha boca seca pedia por algo que não água, algo que não tu. O meu coração estagnava lentamente no meu peito, meio morto, meio teu. A minha cabeça gritava por consciência, clareza, por sentimentos claros e razão.
Esta era a pior parte do verão, a dor de não saber o meu lugar, a dor de não saber quem sou e no que acredito. E as mãos tremem enquanto escovam este meu cabelo ruivo que despenteaste a noite toda, e a alma dói-me por ainda sentir os teus dedos enrolados nos meu caracois, os teus dedos dentro de mim, fazendo-me pecar em todas a definições possiveis ao homem.
Sempre fui pecadora e sempre fui mentirosa. Esse não era o meu medo. Não era sobre arrependimento ou sobre lealdade. Era aquele aperto, aquela sensação suja que tinha quando me olhava ao espelho pela manhã. Maquilhagem tirada e cara lavada mas ainda assim não reconhecer quem te olha de volta, não reconhecer o rancor, o vazio e a impureza.
São sete da manhã e eu tenho uma mão cheia de desculpas. Perdoa-me meu amor, eu nunca fui a romântica incondicional que sonhaste. Isto sou eu, aproveita.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Call me by you name

to all the Hans Hubermann

Live fast. Die Young. Be Wild. And Have Fun.