quero que voem confétis, que seque a chuva que virá nos dias de sempre, nos nossos secos dias de sempre. quero adormecer ao lado de uma garrafa de água cheia, assimétrica ao whisky tombado no chão em frente a mesa de cabeceira. o meu cigarro por apagar, pousado sobre todas as tuas beatas extintas faz-me curvar de dores, de vómitos intemporais, de gemidos. faço-me tombar com o whisky, tombar como a lua tombou de madrugada. tenho saudades, pronto já disse, morro de saudades, literalmente me deixo morrer entre os teus vícios e os meus, entre aquilo que não quero lembrar e aquilo que não consigo esquecer: o sangue sobre a parede branca, o negro sobre a pele morena e a mancha branca nos lençóis azuis. a morte trás, assim, até mim cacos que não quero mais que sejam meus se já não são nossos, cacos outrora teus, coisas de bilhetes antigos e vinhos de vinhas caras, caríssimas! como te descrevi a ti, em noites assim, à sombra de um candeeiro semi-acesso, sobre o suave som da tua respiração sonolenta e pesada, de costas e ombros descansados sobre a outra parte de mim, sobre a parte da minha cama que o meu ser não ocupava.

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