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A mostrar mensagens de janeiro, 2012

derrames de escritos meus

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Catarina e Rui passaram de jovens apaixonados a um casal separado. Nada corria mal, nada havia para discutir, apenas duas capitais distante e um coração desfeito, o coração de Catarina desfeito em nada, com amores feitos em nada, desamores sem saudades. Rui estava ainda cheio de tudo, cheio de certezas e paixão, Rui viu Catarina partir com a crença cega de que ela queria ficar e esta despediu-se com a incerteza de que alguma vez o tinha amado. E nada estava mal, não haviam ódios nem traições ao de cima, apenas dois corpos humanos que decidiram separar as almas quando uma delas ainda não estava pronta.

derrames no fundo do oceano (e de nós)

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A manhã vai sempre gelar-me as veias, e conservar a amargura desta cama vazia e deste peito que pede desesperadamente para ser enchido. A memória da tua pele contra a minha sabe-me a veneno quando a minha língua insiste em lamber os lábios doridos da tua saudade, e aquela sensação de que me falta qualquer coisa, qualquer abraço numa manhã fria, essa sensação soa-me a gelo, dá-me vontade de parar de espernear quando a água em me afogas é tão fria. Eu nunca fui de amores fugazes sequer, tudo em mim estava morto, a minha capacidade de esperar algo de bom estava extinta. Tudo em ti foi fogo na minha pele, foi água quente a fazer o sangue circular de novo, por o coração a bater sem sequer ter de pedir por favor. Tudo em ti eram amores que não acabavam e que me enchiam mesmo quando não lá estavas, tudo eram promessas, sonhos teus que querias tão desesperadamente pregar a uma  miúda  como eu. E eu quero acreditar com as forças que ainda me restam que tudo em ti não são mentiras, todas a

derrames de confusões que me contas

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- Estar com ele deixa-me com uma sensação de vazio que nunca acaba sabes? E eu sei que o amo, que ele é o padrão daquilo com que sonhei, sei que ele me faz feliz e ainda assim não o sou. Sinto-me sempre vazia, mesmo quando ele me enche eu sinto-me a esvaziar, quando o deixo abraçar-me e dar-me a mão enquanto se deita no meu peito quase morto, eu sinto-me vazia de frio. Sinto que nada nele me preenche e a minha cama vazia dele dá-me um certo conforto no final da semana, a certeza de que ele é meu dá-me arrepios e deixa-me insegura daquilo que quero. Quando ele me fala em nós e nas saudades que de mim guarda eu sinto-me a mentir ao dizer o mesmo, sinto-me nojenta ao dizer que o quero. E eu sou egoísta, e talvez eu devesse pensar bem mais nele do que em mim, mas e se amanhã eu não o quiser e não for capaz de lhe dizer? E se eu não for capaz de acabar com a mentira que é o nosso abraço e o nosso enlaçar de mãos? O padrão que ele foi para mim um dia já não o sinto, deixando-me agora com

derrames de quem se esgota, aqui

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Odeio cada pormenor daquelas paredes brancas e azuis, temo cada visão daquele sítio e da sua estrutura tranquilizante, enoja-me a calma que transmite cinicamente. Fico com a certeza que tudo é efémero naquela sala de espera, e o modo como falam parece sempre demasiado benevolente para a maneira como a minha coluna se arrepia e não cede. E eu ouço-as falar, contar-me histórias em que não acreditam, dizem que passa, que sou demasiado nova para não passar, dizem que o corpo regenera e cura, que sou demasiado nova para ser estragada com tratamentos invasivos. Invasivos... pode algo ser mais invasivo  que isto? E se o meu corpo não quiseres regenerar, se ao se deparar com esta doença que sou eu, quiser morrer? E eu sei que achas que somos feitos daquilo que acreditamos e fazemos, que somos feitos daquilo que escolhemos. Mas o corpo é que paga, certo? E se o corpo não quiser mais pagar as dividas que lhe cobro? Se o corpo não tiver mais nada com que pagar e se deixar morrer de fome qu

2011

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Ficaram assim enterradas todas as saudades de um ano que nos trouxe tanto. Guardando apenas a doçura das memórias que não vão embora com o passar do relógio, memórias de noites que ficam, de carnavais que não vão, de móveis e ikeas, pupilos e generais, ananases e indignas. Memórias de pinar a rir e espernear por mais. Trocas de sapatos lendárias e iogurtes na altura errada. A eterna questão com que nos deixaram: Qual? E as mesmas três de quem vamos recordar com saudade. Confétis em tempos de festa e cálvio V em tempos desesperados. Tudo porque o corpo é que paga e as marcas roubam pedaços de pele e furam-nos a barriga. E as memórias que nos agarram do sushi que comemos e vice-versa, memórias de terapias que nos lavaram o corpo com vitaminas para acordar a alma num elefante. Este ano deixou-me com a certeza de que o lugar do bolo é em cima da cereja, que o lugar do moscatel é em irmandades, e os cogumelos não são feitos para serem comidos. Aprendi que escrever a um querido diário é i