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A mostrar mensagens de abril, 2011
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quero que voem confétis, que seque a chuva que virá nos dias de sempre, nos nossos secos dias de sempre. quero adormecer ao lado de uma garrafa de água cheia, assimétrica ao whisky tombado no chão em frente a mesa de cabeceira. o meu cigarro por apagar, pousado sobre todas as tuas beatas extintas faz-me curvar de dores, de vómitos intemporais, de gemidos. faço-me tombar com o whisky, tombar como a lua tombou de madrugada. tenho saudades, pronto já disse, morro de saudades, literalmente me deixo morrer entre os teus vícios e os meus, entre aquilo que não quero lembrar e aquilo que não consigo esquecer: o sangue sobre a parede branca, o negro sobre a pele morena e a mancha branca nos lençóis azuis. a morte trás, assim, até mim cacos que não quero mais que sejam meus se já não são nossos, cacos outrora teus, coisas de bilhetes antigos e vinhos de vinhas caras, caríssimas! como te descrevi a ti, em noites assim, à sombra de um candeeiro semi-acesso, sobre o suave som da tua respiração sono
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é apenas durante a noite que quero que fiques, que te deites e aconchegues nestes recantos preciosamente protegidos por nós dois, apenas de noite te permito palavras cegas com amor e esperança , apenas de noite me dou ao luxo de te amar um pouco mais do que de manhã. sim, apenas de noite me fazes rir entre gemidos de prazer, para no fim ficar embebida num silêncio profundamente apaixonado, contornando os traços do teu rosto sem nunca os querer esquecer. sou de noite, sou tua de noite. tudo porque de dia, com o simples raiar do sol entre as tuas persianas mal fechadas, nada conseguimos dizer um ao outro, nenhum gesto ainda que um pouco embriagado consegue ter significado, não consegues pronunciar as mesmas palavras difíceis que proferiste horas atrás: meu amor . não consegues fazê-las ouvir, não na mesma língua, não com aquele entusiasmo e romantismo com que me sussurraste, vezes e vezes, entre os teus gemidos de luxuria perdida e o teu arfar de miúdo apaixonado. porra, como gostava de
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papá fica, papá não vás, sei que fui chorona, que fiz birra para comer a sopa, sei que não quis adormecer enquanto berravas, que berrei com a mãe sem motivo, e agora tu vais embora, e agora a culpa é minha. oh papá fica, fica para me ensinares a andar na bicicleta sem rodinhas do mano, fica que que quero ser levada ao altar enquanto me sussurras o quanto estás nervoso, o que me fará mais nervosa a mim. fica papá. quero ainda ver os demais filmes que alugarás e assistir às infinitas discussões sobre religião e politica, tão problemáticas nesta nossa casa tão pequenina. não vás mais embora papá, não vás e eu prometo que não saio nunca mais de casa, não fujo pelo terraço nem vou dormir à vovó, eu fico cá contigo, até que os teus míseros cabelos brancos se espalhem pela nuca e pela barba. fico cá para me ensinares a andar de carro quando for muito velha e a idade assim me pedir. eu vou portar-me bem, eu não vou discutir com o mano, eu não vou morder nos outros colegas, eu vou orgulhar-te c