é apenas durante a noite que quero que fiques, que te deites e aconchegues nestes recantos preciosamente protegidos por nós dois, apenas de noite te permito palavras cegas com amor e esperança, apenas de noite me dou ao luxo de te amar um pouco mais do que de manhã. sim, apenas de noite me fazes rir entre gemidos de prazer, para no fim ficar embebida num silêncio profundamente apaixonado, contornando os traços do teu rosto sem nunca os querer esquecer. sou de noite, sou tua de noite.
tudo porque de dia, com o simples raiar do sol entre as tuas persianas mal fechadas, nada conseguimos dizer um ao outro, nenhum gesto ainda que um pouco embriagado consegue ter significado, não consegues pronunciar as mesmas palavras difíceis que proferiste horas atrás: meu amor. não consegues fazê-las ouvir, não na mesma língua, não com aquele entusiasmo e romantismo com que me sussurraste, vezes e vezes, entre os teus gemidos de luxuria perdida e o teu arfar de miúdo apaixonado. porra, como gostava de conseguir amar-te tanto assim de manhã, como gostava que esse sol que tanto devoro não me roubasse o pouco romantismo prático que barbaramente ainda conservo, aquele que te dou, pouco a pouco, nos poucos dias em que te vejo. não és de dia, não és meu de dia.

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