derrames a quem só pó resta
sempre tive aquela raiva para ficar por cima, conseguir passar além da dor e ficar, de pé, sobre todos aqueles cacos em que desfiz o meu coração de desamores. e agora, agora que o presente me arrancou o cabelo e a moral, levando-me assim a pele e a carne vermelha, roendo-me deliciosamente os ossos. eu afogo-me nas mentiras que me conto, nas inseguranças que me comem membros as dentadas maliciosas e sedentes. eu afogo-me meu amor, vem tirar-me da imensidão de lágrimas que me enchem os pulmões de raiva e nojo.
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