derrames sem ar para ti

o peito pesa-me a respiração e a dor não passa na manhã que chega, sorrateira, acordando-me com unhas de gato a espetar-se nas minhas costas. o meu corpo todo dói de cansaço dos dias que acumula e que não passam, dias que não ficam, dias que não amam, semanas em que o corpo apenas quer parar, apenas quer morrer, tentando numa sofreguidão medonha acabar com aquilo que não teve um inicio. mágoa, diria ele entre lágrimas de silêncio e lábios cerrados, gretados de frio; fogo, talvez fosse ele confessar-te, sem o confessar a si o amor de anos há muito idos e a paixão fervorosa que lhe corre no peito calado, inerte de tão morto; apatia, talvez uma das maiores palavras que - no final - nada nos dizem porque a ninguém falam. morrer é a maior palavra, a hipérbole de congelar tudo o que corre no corpo e não chega a alma, tudo o que o corpo sente e que protege o coração de sentir também. gelo, solidifica-se sobre o corpo este elemento que me causa náuseas do espelho, sim, essas náuseas que tiveste comigo quando não querias olhar-me direito, nua, a teus pés a pedir que me amasses.

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