derrames de tempo perdido

Então e se o amanhã me vier dizer que não é esta utópica estabilidade que quero na minha vida? E se o amanhã de que te falo for mentira, inverso ou apenas imagem retocada de um objecto feio de tão magro? E se eu não conseguir fazê-lo? Que me dirias tu que és a maior mentira da humanidade, ó tempo? Tu que me mentiste nas minha lágrimas de miúda e me disseste que curavas tudo, que fazias tudo passar como sangue num rio sedento. Juraste assim o infinito dos meus olhos cheios de profundidades alheias, prometeste-te que alheio é bom e que tudo se constrói com base na partilha humana. Ó senhor tempo, que nariz o teu, que mentiroso me saíste tu, deixando crescer com padrões tão altos e morrer agora numa desilusão como esta. Soma-me mais uns segundos enquanto acredito, soma-me mais uns minutos para um café e conservas sem sentido, soma-me meia dúzia de horas para umas quantas de sexo e o restante de conversa de almofada, soma-me anos e décadas e séculos de arrependimentos, de mortes, de choros e de gritos. Soma-me dígitos enquanto me vens roubando a alma de dores e desamores. Divide-me assim, já.

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