derrames das desculpas que não te pedi

tu conheceste o autêntico carnal em que me afogava, o desalento daquelas salas cheias de pessoas vazias e camas semi-preenchidas. tu conheceste-me à-prova-de-bala, quase imortal nesse mundo de gente morta e chorosa, nesse recanto para onde me puxavas e eu me mantinha imóvel, como se toda a inércia não me deixasse ver para além da saudade. sim, eu tinha saudade, tinha as letras de tal palavra cravadas no peito e a sangrar-me os olhos em lágrimas sem fim, e ainda assim eu chorava. não havia em mim amores para ti, não havia paixões para ti, nem tesão, nem alma. apenas um pedaço de pele morto, com um coração que não palpita, respiração regular e atividade cerebral no pico mínimo. e isso de mim nunca chegou para ti, esse pedaço distante de mim não chegou sequer a aquecer o teu coração que te saltava do peito a cada beijo, e eu esvaziava-me ao compasso em que te enchias, porque o mais pequeno nada era tudo para ti, e para mim, bem..., para mim tu eras meu. tu eras meu mas eu não era minha para te poder oferecer o que quer que fosse.

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