Era quase verão quando acendeste a lareira naquele meu palácio de paredes, sem chão ou tecto, só barreiras. Ajeitavas ainda os troncos com cuidado quando ainda queimavas marshmallows junto da minhas pernas cansadas de estar de pé a convencer-te de que era árvore. A verdade é que o calor do verão ajudava as labaredas a ficarem de pé e iam derretendo o que sempre foi gelo no meu peito. Mas o verão acabou e os troncos que queimavas iam aguentando o inverno gelado nos nossos olhos cansados e nos teus menos sinceros e a lareira não acabou, sobrevivemos então à neve sem que troncos fossem substituídos, apenas estragados, e cada vez menos, cada vez mais frio iam ficando os meus dedos com a achegada da primavera. Por vezes, sentia quase a relva a crescer por baixo dos meus pés e sentia-me quase que amparada, quase que encontrada. Mas mais troncos tu não trazes e juntos ficamos a ver o fogo extinguir-se com o anunciar da tua partida, e o meu coração não parte, congela. E com o verão a chegar está completa mais uma volta ao sol e eu volto a ser a mesma, em pé sobre terra batida e molhada, com lama a sujar-me os cabelos e a chuva a cair-me no rosto. É primavera e chove, abril acaba e no meu palácio chove mil, choro eu e choras tu porque tens medo de ficar sozinho. E eu tenho medo de terminar a volta, quero parar o tempo e recuar, não quero o arrependimento que vejo no horizonte que não acaba, horizonte onde não estás presente. Porque o futuro das tuas palavras é incerto e incompleto, falta a certeza que tinha, a coragem que me tiraste naquela tarde que para ti era manhã. E eu morro agora no silêncio que me ofereces como desculpa, morro por achar-me usada e abusada, porque me falta qualquer coisa que afinal era amor, falta-me amor que foi tudo o que pedi, falta-me amor que foi aquilo que perdeste por mim.
Call me by you name
“You two had a beautiful friendship. Maybe more than a friendship. And I envy you. In my place, most parents would wish the whole thing go away… And pray their sons land on their feet. But… I am not such a parent.” We rip out so much of ourselves to be cured of things faster that we go bankrupt by the age of thirty and have less to offer each time we start with someone new. But to make yourself feel nothing so as not to feel anything — what a waste! Have I spoken too much? Then let me say one more thing. It’ll clear the air. I may have come close, but I never had what you two have. Something always held me back or stood in the way. How you live your life is your business, just remember, our hearts and our bodies are given to us only once. And before you know it, your heart is worn out, and, as for your body, there comes a point when no one looks at it, much less wants to come near it. Right now, there’s sorrow, pain. Don’t kill it and with it the joy you’ve felt.”
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