Talvez isto não aconteça a toda a gente, mas no meu caso eu comecei um namoro com a pessoa com quem estava porque, um dia, apercebi-me que ele preenchia todos os meus padrões. Começamos porque achei que tinha encontrado algo melhor ainda do que espera, melhor ainda do que sonhei sempre cepticamente. Um dia, anos depois, eu acordei e os meus sonhos não correspondiam a realidade da almofada ao lado da minha. E posso ser eu a ter mudado os meus sonhos ou ele a mudar o que era mas, no meu presente aqui imaginado, eu não sonho mais com a realidade e os meus padrões estão bem mais a cima do que o coração desonesto que não é meu e que tenho em meu peito.
eu estava bem, eu sentia-me bem, reconfortada com esse teu esquecimento quase imediato. eu tinha quase aceite a impossibilidade da remota hipótese do teu retorno, eu tinha-me habituado serenamente à voz rouca e engasgada da minha mãe quando desleixadamente ainda perguntava por ti. eu estava bem, eu estava tão bem, tão bem sem ti . sem te ter constantemente enfiado dos meus nunca-mais-serenos sonhos, nos meus nunca-mais-conscientes devaneios. até ao dia. até ao dia em que decidiste lembrar-me que te disse tantas vezes que iria amar-te sempre, com os meus lábios rasgando os teus no calor do meu desejo, lembraste-me assim a maneira bárbara como ousava dizer-to: "serei sempre eu a amar-te mais". e sou, ainda hoje o sou, amando-te sempre mais, ainda que agora pouco, comparando ao infinito de dias anteriores. boa noite dôdô.
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