Tenho o coração partido. Tenho tantas estilhaços neste chão que as minhas mãos tremer ao aproximar-me para os juntar. Parece que tudo o que toco se desfaz, como se cada caco que eu pegasse se partisse novamente em pequenas parcelas de mim.
Sou outra vez uma boneca com o peito de porcelana rachado, não sou imune ao amor ou à dor que me provocas. Pai, tenho o coração desfeito. Grito-te na cara, estou partida. Tenho tatuado junto das costelas uma mentira que criei em mim mesma. Tenho tatuado em mim invenções da minha cabeça, coisas que queria tanto ancoradas em mim que me esqueci de ser humana, esqueci-me que podia ser vulnerável, esqueci-me em quem era para confiar.
Sinto-me no centro de um Carnaval que não é meu, de algo que nada sei. A vontade de fugi não passa e o coração explode-me no peito que tenho partido. Quero tanto ser crescida, quero tanto não chorar mais, dói-me os olhos de tanto chorar, o peito de solução e céus, estou tão magrinha.
Por favor, vai embora, pai vai embora. Partiste-te outra vez, a tua voz é apenas símbolo do tão pouco que tenho e de tudo o que tu me destruíste. Deixa-nos aqui, deixa-nos em paz. Deixa-nos ficar em família, com a única que temos, com aquela que é nossa
Não tenho pai algum, e quem és tu para me vires dizer o contrário?

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