"Not today"

Foi difícil para mim chegar onde estou, ser o que sou hoje. Ainda neste presente, todos os dias tenho dúvidas, todos os dias há pelo menos um segundo em que olho para trás com medo.
Mas a beleza de tudo está nestes pequenos momentos, não nas certezas nem nas utopias, mas sim nos arrepios, nas palpitações, nas lágrimas e na esperança. Sempre fui uma pessoa céptica, não sou de certo a maior sonhadora que o mundo já viu, e de longe a mais optimista. Mas aí está.
O pico da minha adolescência já está marcado, ainda nem acabou e eu sei o que vai deixar cicatrizes. E sei que apesar dos amores, das grandes amizades, das famílias, as minhas memórias estarão para sempre inundadas de sacrifícios, paredes brancas, um chão coberto de sangue e iras que não consegui controlar.
Mas naqueles momentos, horas, instantes, em que o meu inconsciente e consciente lutavam pela minha salvação e morte, eu escolhi ficar. Porque há sempre um momento, tal como há sempre um momento para decidirmos começar a amar. E ele pode não ser definido, pode não ser certo ou concreto. Mas ele está lá, e cada um tem de fazer a sua escolha.
Devo metade daquilo que sou hoje aos grandes amores e apoios da minha vida, mas devo a outra metade à minha loucura, à minha doença e à minha escuridão. Sou feliz hoje - muito mais do que alguma vez esperei - em grande parte aos meus demónios e a tudo o que tive de destruir para poder construir coisas melhores.


Life sucks. They say. And it's true.
But what do we say to life everyday?
"Not today"

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