- E se ele é realmente o tal? E se, no final de tudo, ele é o amor de uma vida? Da tua vida.
Duas lágrimas escorrem brilhantes e assimétricas ao luar, refletindo o negro mar e um céus sem estrelas. Sabia que aquela pergunta não era minha, era dela. Eu sabia o que ela sentia e sabia que aquilo ia tentá-la.
- O peito dói-me cada vez que penso nele, e por vezes não consigo afastar o odor do seu perfume do meu pensamento. Mas em sei quem sou, mesmo quando não sei o que quero, eu sei o que sou. E eu nunca serei suficiente, não para ele, não para alguém que eu quero tanto e ao mesmo tempo tenho tanto medo de ter. 
Um suspiro sai-lhe entre um riso falso e atrapalhado.
- Sabes o que é saber que se ama alguém e não poder dizê-lo em voz alta? Saber que o amo mas não poder dizer a mim mesma? Mata-me aos poucos por dentro. E este pequeno coração gelado tem tão pouco por onde morrer, tão pouco ainda por partir.
Ela olha para mim com os olhos inudados de duvidas.
- E se ele for o amor da minha vida e eu não o amor da dele? No fim do dia eu sou apenas uma criança, eu sou apenas um pequeno pedaço de confusão e pânico. Eu dava tudo para poder beijá-lo só mais uma vez e poder voltar atrás. Mas eu não posso, e se eu fizer isto eu não tenho mais como me redimir. Não tenho por onde fugir, não tenho um plano B.
- Pensa num plano B.
- Eu não quero um plano B, ele é tudo o que quero e o que não consigo admitir querer. Ele é tudo aquilo com que sonho envergonhada, tudo o que me faz rir. Talvez, e talvez, ele é o tal.
 

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