putas modernas

E eu cheguei ao ponto de não saber mais quem tem a razão, as pessoas e a suposta lógica que usam e abusam para viver ou sobreviver entre os outros já não faz qualquer sentido. Para eles, pensar é um cliche, como dar rosas a uma mulher, todos o fazem, todos chegam a mesma definição de bem e mal e no final, a história e sempre a mesma. Caiu, berrou. Se calhar fui eu que pensei mais, ou menos, mas foi-me impossível chegar a uma definição concreta de todas essas questões morais que tanto discutem em conversas de café, esquecidas entre o pacote de açúcar e os cinzeiros. Viver aqui tornou-se imoral, errado, como se já não fizesse qualquer sentido ouvir as vossas palavras rascas, suadas e empobrecidas nas vossas mentiras de putos mimados. Não faz mais sentido os sorrisos cínicos à meia luz de um bar já fechado, chega de mentiras assim, de cacos assim, tão docemente cristalizados nas vossas epidermes pálidas, homogéneas no meio de tantos iguais. Ser humano tornou-se mau, pecaminoso, sê-lo não é mais sinónimo de racionalidade nem de possibilidade de escolha, a maneira como dependem uns dos outros fez-vos escravos, só um solitário pode ser livre, é verdade, ninguém pode sonhar a pares. Já não quero entender mais, a maldade que vos encheu sufoca-me o peito, aprisionando-me nestes vossos cliches, nos diz-que-disse, nos mal-entendidos. que típicos, ordinários de meia rua, de puta de esquina. Ser assim - como vocês - dos outros é a maior forma de prostituição da humanidade, tornando-vos todos umas putas apaixonadas, loucas por corpos nus que saiba sussurrar esses vossos nomes falsos em diversos timbres, tal como um vício, acabam por não saber sobreviver sem esses cliches, sem essa prostituição rotineira que vos leva lentamente a uma dependência cega pelo poder da mentira.

Comentários

claudia disse…
só um solitário pode ser livre, é verdade, ninguém pode sonhar a pares
wow, joana
claudia disse…
não fossem os dramas que nos vão mantendo coerentes

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