Foi nesta vila velha, aterrorizada, onde outrora se gritaram uivos a reis e rainhas, que os meus pés rastejaram suavemente, como quem beija a calçada enorme, disforme e gasta que me viu baptizar um dia, há uns bons anos, há uns poucos anos. Vila esta onde o som dos meus batimentos cardíacos se fez sentir nos meus passos curtos e embriagados, por descalçar, som esse - jamais romântico num coração, outrora, tão deslavado como o meu - que fez ranger as paredes rachadas de tão velhas, escurecidas pela falta de iluminação artificial, deixando me com dois pares de passos desconhecidos, de passadas largar e tosses roucas, seguindo-me ao longo desta descida tão longe de ser finita, à quase inexistente luz arrepiante de uma Lua um pouco mais que cheia, amarga por natureza, morta e mesma assim crescente e decrescente ao longo do ciclo. Foi aqui, à luz de uma Lua semelhante que eu me perdi de mim, para te encontrar a ti.

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