As horas demoram dias a passar, o cansaço do silêncio desgasta as curvas de um sorriso outrora espontâneo. A solidão tem nome e sabe a mel, e com mel a espero e te espero a ti. Os dias comem-me a epiderme aos pedaços. Não sou de bons argumentos, a minha vida foi marcada por discussões que perdi e diálogos que sonhei realizar.
Amor era uma utopia para mim, algo que se cruzava com paixões que sentia de maneiras tão inimagináveis. Princesa de todas as torres, sonhadora de todos os sonhos, escritora dos contos de fadas. Assim vivi a palavra "amor" entre o partir e o ficar, entre a paixão e os gélidos dias do meu inverno o ano inteiro.
(...) Sou as cores que não viste nas noites em que dormias sonhando com ela, as cores que trocaste porque te encontravas tão por colorir. E ainda assim - artisticamente - sempre foste mais colorido que eu, eu que sou carvão porque das cinzas se fazem todos os meus sonhos.
Fomos sonhos bons, eu sei, e teremos ao certo memórias sem preço, mas o inverno chegou neste verão infernal, chegou mais frio que os meus sonhos e mais insuportável que as tuas ambições. Mas eu não tenho mais suporte ou sonho, grito ou palavra. Agora sou apenas o silêncio nestas linhas denunciado, o silêncio que me enterra, o silêncio que te asfixia. 

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