derrames de quem sou
As palavras foram para mim muito mais do que gestos, deixei-me muitas vezes cair nas mentiras que estas traziam e acreditar no que eu própria te falava. Sexo foi - durante o tempo que perco e que nunca recuperei - a única forma de amor que conheci, a única forma de paixão, de mostrar quem sou e ser quem sou, nua de preconceitos mas agora manchada deles. Em amar sempre fui uma nódoa e quanto a sentir - bem sabemos que são minas de problemas, sentir é tão essencial à dor como a vida à morte.
Sabes pétala, amor nunca foi uma prioridade na minha vida. Talvez durante os tempos a adrenalina e a paixão que o sexo trazia à minha vida fossem essenciais à existência da minha tão precoce loucura. Mas eu saí da minha negação e a minha loucura estoirou, a raiva encheu a minha vida por escassos mas intensos dias e também ela acalmou. E eu tive a minha negociação, tive-a toda, e o choro e o medo e toda essa parte a que chamam de depressão. eu tive o meu comer e o meu orar. E até quando eu não acreditava mais que a terceira fase chegasse, eu tive o meu amar. Eu tive-te a ti, em pétalas e sonhos e dôdos e sexo, sim eu tive-te a ti em sexo na minha cabeça bem antes de te ter no meu coração. Mas quando finalmente o teu lugar ficou reservado, quando o amar ficou bem no fundo do meu peito, não havia sexo, só havia amor.
E a aceitação chegou também contigo. Mas tudo o resto, a negação, a raiva, a negociação a depressão, o comer e o orar, tudo isso faz parte de mim, tudo isso é aquilo que eu sou. Porque no final, aquilo que somos são todas as nossas ações, as boas e as más, o comer e o amar. Mas eu consigo fazê-las em simultâneo agora.
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