Derrames de nós
Palavras cospem-me no rosto a esta hora da madrugada, riscam-me o carro com chaves de fendas, atiram-me pedras enquanto me ajoelho no chão empoeirado. Cabras, foram tudo o que sou, tiram-me tudo o que tive, roubaram me cada pedaço do que era meu e um dia foi tão nosso. Em palavras fui mulheres e homens dos meus sonhos, pessoas que detesto, ódios que há anos escondo e grito. Fui tudo o que neste mundo não pude ser, tantas outras putas que aqui não sobreviveram e que vieram descansar aqui, onde há camas, e sonhos e sexo e cocaína Se sou tudo o que escrevo? Talvez, talvez parte de mim seja ainda criança, talvez um réstia um velho num banco de parque, talvez no fundo um homem apaixonado por uma prostituta de rua, ou a própria, amada pelos homens e detestada por ela ao espelho, talvez seja a criança sem pai, ou a menina com estrelas nos olhos e o rabinho apontado às estrelas. Talvez seja a apaixonada que foi um dia o vagabundo, ou a incrédula que crê estupidamente ser imune à palavra amor e ser imune a tudo o que não se sente cá fora, mas num peito que chora e grita e dói e cala. Talvez não seja nenhum deles, talvez seja um pouco de cada um.
Acredito nas minhas palavras porque sou como qualquer um de nós, acredito em sonhos, sonhos e pesadelos que coloco aqui em forma de palavras, sonhos em que me afogo e pesadelos em te amo perdidamente. Acredito que por palavras possa ser realmente livre, chegar onde os meus braços não tocam e abraçar aquilo que a minha moral me impede de penetrar num beco escuro. Sou todas as minhas fantasias sexuais, tudo aquilo que as minhas hormonas me gritam na minha jovem idade e que hão de calar um dia. Sou uma freira num convento, sou uma lésbica sádica, sou um homem perdido no mundo das acompanhantes de luxo e das penetrações etiquetadas.
Se sou só sexo? Penso muito como um homem das cavernas, masturbo-me como uma mulher decente e sou mais apaixonada do que faço crer a muitos. Sou uma anarquista, uma mulher do povo com um iPad no bolso. Sou tanta coisa, tanto sonho, tanta coisa sem palavras, tanta coisa que odeias, tanta coisa que desprezas.
Mas se sou boa pessoa? Deixando claro ao critério de qualquer um. O meu? Sou sim, sou das melhores drogas que encontras no mercado.
Acredito nas minhas palavras porque sou como qualquer um de nós, acredito em sonhos, sonhos e pesadelos que coloco aqui em forma de palavras, sonhos em que me afogo e pesadelos em te amo perdidamente. Acredito que por palavras possa ser realmente livre, chegar onde os meus braços não tocam e abraçar aquilo que a minha moral me impede de penetrar num beco escuro. Sou todas as minhas fantasias sexuais, tudo aquilo que as minhas hormonas me gritam na minha jovem idade e que hão de calar um dia. Sou uma freira num convento, sou uma lésbica sádica, sou um homem perdido no mundo das acompanhantes de luxo e das penetrações etiquetadas.
Se sou só sexo? Penso muito como um homem das cavernas, masturbo-me como uma mulher decente e sou mais apaixonada do que faço crer a muitos. Sou uma anarquista, uma mulher do povo com um iPad no bolso. Sou tanta coisa, tanto sonho, tanta coisa sem palavras, tanta coisa que odeias, tanta coisa que desprezas.
Mas se sou boa pessoa? Deixando claro ao critério de qualquer um. O meu? Sou sim, sou das melhores drogas que encontras no mercado.
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