Quando era mais nova adorava que me dissessem: "fala sobre ti". Eu era tudo o que eu sonhava e idolatrava ao mesmo tempo e sempre me considerei segura para responder a tal pergunta.
Mas os anos passam, os órgãos congelam e a sensação de estar doente, a lembrança do sangue a escorrer e das poças vermelhas no chão, causa nostalgia.
Eu era uma boneca partida, era uma mentirosa (e tão boa como poucas), um ser infiel aos outros e a si próprio. E esta é a ultima caracterização que tenho de mim. Não era uma bonita imagem ao espelho e não é uma boa memória. Mas é tudo o que tenho e é quase tudo o que me ajudou a chegar até aqui.
Mas o que é aqui? Que merda de sítio é este? Tenho o coração num canto e o cérebro olha para um lado diferente.
Já soube o que era em tempo, e guardo com a carinho a sensação de conhecer quem somos. Mas eu não sei quem somos nós. E não sei de todo quem é aquela cabra que olha para mim com desdém ao espelho.

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