Home is in your arms


Hoje os meus avós venderam a casa onde cresci.
Quando me ligaram fiquei imensamente contente pois sei que já estavam a tentar há quase um ano e sei que é uma boa noticia para eles. A minha avó disse que, agora na casa nova, não tinha saudades do desconforto e do frio da casa antiga, nem do cheiro a tabaco das casas dos vizinhos, mas que tinha pena pelas memórias dos netos no terraço, a brincar, a correr e a gritar. Eu ri-me e disse-lhe que em tempos aquela tinha sido a cada ideal para nós e para eles mas que já não era mais.
Depois desliguei o telefone.
Uma onda de saudade inundou-me de repente. Durante os anos mais jovens e instáveis da minha vida eu vivi naquela casa com aqueles seres extraordinários e muitas das minha memórias estarão eternamente ligadas aquelas paredes e aquele terraço aberto para onde corria quando o ar me faltava.
Não vou esquecer as nossa mini piscina quando éramos mini humanos, os infinitos almoços de familia em que 10 pessoas falavam em simultâneo de pelo menos três temas distintos, os serões a ver telenovelas com a avó, os jantares com amigos e as noites com os primos. Foi muito mimada e amada naquela casa, e dei muito amor também.

É estranho que uma "coisa" tenha um valor emocional tão grande mas a verdade é que a minha casa nunca foi aquele apartamento, casa eram os abraços dos meus avós e não nenhum lugar em particular.

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