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A mostrar mensagens de outubro, 2012

Derrames de cépticos

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Toda a dinâmica que envolve a palavra amor sempre foi para mim meio mistério, meio saudade. Toda a vida vivi em redor de tal sonho e mesmo sem saber amar, sei tão bem falar de amor. No fundo de tudo o que acredito há uma grande cota de romantismo, tudo em mim é saudade, tudo em mim é amor. As minhas letras e palavras foram as que me foram mais queridas, as que me faziam acreditar que - talvez - um dia existisse algo tão bom como a minha descrição em prosa de ti. Romântica na teórica e por escrito, reinventei mais de mil crenças e renasci de todas as cinzas dos meus sonhos destruídos nas chamas da raiva que sempre fui. Na prática, quando me pedem exemplificações físicas, não sou mais do que uma céptica desagradada, envolvida no desamor do mundo e na descrença de palavras como amor . Sou, na prática, o bicho mais sexual e racional, sou aquele que não crê em palavras moles, que não se rege pelos padrões de fantasias à luz das velas...
Talvez isto não aconteça a toda a gente, mas no meu caso eu comecei um namoro com a pessoa com quem estava porque, um dia, apercebi-me que ele preenchia todos os meus padrões. Começamos porque achei que tinha encontrado algo melhor ainda do que espera, melhor ainda do que sonhei sempre cepticamente. Um dia, anos depois, eu acordei e os meus sonhos não correspondiam a realidade da almofada ao lado da minha. E posso ser eu a ter mudado os meus sonhos ou ele a mudar o que era mas, no meu presente aqui imaginado, eu não sonho mais com a realidade e os meus padrões estão bem mais a cima do que o coração desonesto que não é meu e que tenho em meu peito.

Derrames de Espectros

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Viver na capital era para ela um pecado em si - explicava calmamente do outro lado da linha - dizia que nada se encaixava no seu ser, que todas as dúvidas sobre as suas escolhas surgiam agora entre a noite que ainda não adormeceu pela manhã. Dizia ela ter medo , algo tão raro desde que a conheço - e acredita, conheço-me a muitos anos - medo de não saber quem era, de acordar um dia com uma ânsia tremenda de correr para ou braços de outra mulher e não querer mais voltar às origens. Dizia ela que a sexualidade era um espectro, como já ouvira uma vez numa serie televisiva, e que acreditava que muitas pessoas se encontravam algures no meio. Estaria ela a considerar-se no meio ou a esperar estar apenas no meio? Cruzava e descruzava as pernas conforme se lembrava do mal que fazia e continuava a divagar. Os sonhos mudam com o tempo ou com as pessoas em si? Perguntava. Será então possível uma pessoa permanecer a mesma mas todos os seus sonhos mudarem de lugar? Para mim a resposta...